Tenho defendido desde o ano passado a tese de que o "start" na alta do dólar foi dado, não com o stress lá de fora, e sim, com a sinalização de que o Banco Central do Brasil entraria num ciclo de baixa da taxa de juros.
O curioso é que, no ápice da crise, em 2008-2009, enquanto o mundo todo agia agressivamente na queda da taxa de juros de curto prazo, o Banco Central agia na contramão, baixando, porém, não de forma agressiva.
Pois sim, o que vimos nos 12-18 meses seguintes foi, aliado a uma política monetária expansionista, uma evidente conjugação de fatores para a disparada dos preços e, consequentemente da inflação no médio-longo prazo.
Foi justamente o que aconteceu, o governo brasileiro lutou o ano inteiro de 2011 pra trazer a inflação para o centro da meta, chegando ao final do ano, no limite dela. Ou seja, a inflação altíssima de 2011 foi sim provocada por absoluta incompetência e derrapada do governo brasileiro. Ele foi absolutamente irresponsável na condução da política econômica, priorizando apenas, e tão somente, o crescimento. Pagaremos caro lá na frente (já estamos pagando)
Voltando ao dólar, mesmo ao longo de 2010 com sinais preocupantes vindos de fora, principalmente Grécia e Portugal, a paridade "dólar x real" não se mexeu, pelo contrário, ainda continuou com viés de baixa.
Em meados do ano passado, o governo sinaliza uma queda da taxa de juros, e aí sim o dólar dispara.
Ficou claro que o mercado "desmontava" uma posição de "carry trade", isto é, posições em que ele financiava outra posições com as taxas de juros exorbitantes do Brasil.
Dentro desse contexto, alertamos no meu blog, para o fundo duplo na faixa de 1,55, com fortes divergências altistas no tempo mensal de MACD e histograma, conforme recolocamos abaixo:
Gráfico fechamento 08-03-2012
O que vemos agora com essa nova retomada ? Não é nada efeito do Banco Central. O ex diretor do Banco Central, Alexandre Schwartsman, até alertou para essa particularidade ( da capacidade do Banco Central em mover o mercado pra cima) no programa da Globo News essa semana.
O que vemos agora é, parte do stress lá de fora sim, porém, continua, mais uma vez, refletindo "desmonte do carry trade".
É fato que a cunha postada com divergências altistas no meu blog e, que recoloco abaixo, já sinalizava uma retomada de alta para a paridade.
Gráfico fechamento 08-03-2012
Não por coincidência, o governo veio, nesses últimos 2-3 meses, recorrentemente sinalizando quedas nas taxas de juros, o que veio a se confirmar essa semana numa queda de 75 pontos base. Ou seja, o mercado apenas continuou "zerando posições" ora financiadas, ao constante sinal do governo em baixar a taxa de juros.
Numa outra fase, me parece, o dólar se apoiará e refletirá muito mais o momento externo e como ele afetará o Brasil.
Por ora, o movimento continua parte "desmonte de carry trade", e parte reflexo lá de fora.
Quanto ao gráfico, o MACD, no tempo mensal, continua cruzado na compra, com o fundo duplo lá na faixa de 1,55.